Faustimo Imbali, que falava em conferência de imprensa em Bissau, respondia assim às declarações do embaixador de Moçambique junto das Nações Unidas, António Gumende, que na quarta-feira disse à Rádio ONU que a Guiné-Bissau pode ser suspensa da CPLP devido ao golpe de Estado de 12 de abril passado.
Moçambique assumiu desde julho a presidência rotativa da CPLP. "Está-se a trabalhar no sentido de se estabelecer as medidas sancionatórias mas prevejo que medidas de suspensão poderão ser acomodadas, como acontece noutras organizações", disse o responsável.
Questionado hoje pelos jornalistas, Faustino Imbali disse que, caso a CPLP tome a decisão de suspender a Guiné-Bissau devido ao golpe de Estado de 12 de abril, o governo vai tirar como conclusão que "a CPLP não se interessa pelo povo da Guiné-Bissau, não se interessa pelos crimes de sangue que aconteceram nos últimos anos na Guiné-Bissau, nem se interessa pelos crimes económicos que aconteceram na Guiné-Bissau. A CPLP só se interessa por uma só pessoa e essa pessoa chama-se Carlos Gomes Júnior [primeiro-ministro deposto]".
Faustino Imbali frisou que a CPLP "nunca meteu os pés" na Guiné-Bissau desde o golpe de 12 de abril e voltou a pedir a presença da organização.
"Nós assegurámos o país depois do golpe de Estado, não vejo porque diriam `não vou falar com aquela gente que são golpistas`. Não é uma posição responsável. Gostaríamos que viessem, que falássemos, talvez, se querem o interesse do povo, encontrássemos uma melhor solução para esse povo. Agora se estão interessados em pessoas e não num povo, a decisão de suspender a Guiné-Bissau compreende-se neste quadro, e só neste quadro", afirmou.
O ministro salientou que da parte da Guiné-Bissau não há dificuldades de relacionamento com a CPLP e que o governo está aberto ao diálogo, e disse que telefonou ao até agora secretário-executivo da organização, o guineense Domingos Simões Pereira, e que este lhe disse que iria a Bissau para falarem após a cimeira de Maputo (em julho passado), o que não aconteceu.
O Governo de transição, assegurou, também está a "fazer o máximo" para incentivar o diálogo entre a CPLP e a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), e disse que as duas entidades se vão reunir em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU, que está a decorrer.
Sempre salientando que o governo de transição nada tem a ver com o golpe de Estado ocorrido a 12 de abril o ministro concluiu: "A posição extrema de certos responsáveis da CPLP não ajuda à situação. Porque se ficamos aqui a dizer que temos de voltar a 11 de abril, meus caros, não vale a pena, obrigado".
Fonte: RTP Notícias
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