Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, recém-nomeado representante especial do Secretário-Geral para país africano diz que sua meta será promover o diálogo e a unidade nacional. O recém-nomeado representante especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau defendeu que qualquer solução para a crise política na nação africana passa pelos líderes do país, sociedade e Forças Armadas.
O ex-presidente do Timor-Leste, José Ramos Horta,
concedeu entrevista exclusiva à Rádio ONU nesta sexta-feira. De Lisboa, o
prêmio Nobel da Paz ressaltou que o povo da Guiné-Bissau deve indicar a
solução para o país, que sofreu um golpe de Estado.
Experiência
"São
os guineenses que devem indicar para mim, para as Nações Unidas, o que
querem para o seu país, quais os caminhos para chegar à estabilidade e
democratização. A ONU só pode apoiar aqueles que desejam a paz, a
democracia, a liberdade. A ONU não vai impor aos guineenses nenhuma
solução feita pela organização." A nomeação de Ramos Horta foi
anunciada na quarta-feira pelo porta-voz de Ban. Em nota, o
Secretário-Geral ressaltou as três décadas de experiência política que o
novo representante levará à Guiné-Bissau.
Independência
Nós
últimos seis anos, José Ramos Horta foi ministro e presidente do
Timor-Leste. Considerado um dois herois da independência, ele recebeu o
Prêmio Nobel da Paz em 1996, uma honra que dividiu com o bispo
timorense Carlos Filipe Ximenes Belo. Na época, a academia que
concede o Nobel lembrou que a distinção devia-se "ao trabalho dos dois
por uma solução justa e pacífica para o conflito no Timor-Leste."
Viagens Internacionais
O
novo representante especial do Secretário-Geral da ONU chegará à
Guiné-Bissau mais de nove meses após o golpe de 12 de abril, que tirou
do poder o presidente interino e o primeiro-ministro guineenses. No
momento, o país tem um "governo de transição" que inclui militares e
civis. José Ramos Horta destaca ainda que o foco dele será a
promoção do diálogo e da unidade nacional. Ele estará na sede das Nações
Unidas na próxima semana. "É muito importante
que os guineenses se reconciliem, sarem as feridas, ponham uma pedra no
passado, um passado trágico, mas que também foi um passado glorioso. A
luta da independência foi uma das lutas mais inspiradoras do século 20.
Nem tudo é negativo no passado da Guiné-Bissau, pelo contrário, teve um
passado brilhante, glorioso."
Conselho de Segurança
A
situação na Guiné-Bissau já foi debatida, várias vezes, pelo Conselho
de Segurança da ONU, que adotou uma resolução proibindo as viagens
internacionais de alguns militares envolvidos no golpe. Além
disso, várias organizações internacionais e regionais têm tentado mediar
a crise, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, e
a União Africana.
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