sábado, 2 de março de 2013

CEDEAO sugere eleições na Guiné-Bissau até final do ano, diz PR de transição

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) considera que a Guiné-Bissau deve de criar condições para realizar eleições gerais até ao fim do ano, disse hoje o Presidente de transição guineense. Serifo Nhamadjo falava aos jornalistas no regresso de uma cimeira que juntou na Costa do Marfim os líderes dos países da CEDEAO, um encontro que debateu especialmente as crises no Mali e na Guiné-Bissau.
 
Segundo o Presidente de transição trata-se de “uma data indicativa mas condicionada com a agenda interna”. Os guineenses, disse, “têm de ser corresponsabilizados a apresentar uma data realista, não muito asfixiante e não muito dilatada, uma data no meio-termo que esteja fundamentada e sobretudo consensual”. Nas últimas semanas tem sido discutida na Guiné-Bissau uma data para realizar eleições, na sequência do golpe de Estado de abril de 2012, visto que já não é possível realizar eleições em abril deste ano, como estava previsto. Entre os vários intervenientes do processo surgiram propostas que vão de seis meses a três anos.
 
Serifo Nhamadjo disse que na cimeira resumiu o que tem sido feito na Guiné-Bissau e que os líderes da comunidade regional elogiaram os esforços e “incentivaram a que haja maior inclusão”, quer nos debates quer nas “atividades de transição”. Foi-lhe proposto, disse, que apresentasse uma agenda de transição à Assembleia Nacional Popular (ANP), para que seja ratificada e depois submetida à comunidade internacional.
 
Segundo Nhamadjo, há propostas sobre o que tem de ser feito mas falta agora, durante o mês de março, concluir o processo “com datas precisas”. “O Presidente da República está a pilotar um processo nacional, que será depois submetido ao órgão legislativo que é a ANP. Não é o Presidente a fazer uma agenda, é juntar esforços nacionais para apresentação na instituição legisladora que é a ANP, para a validar”, afirmou. Esta semana a ANP e o governo entraram em rota de colisão, com o presidente do Parlamento a acusar o governo de dirigir o país sem orçamento e sem programa, tendo já gastado milhões de euros sem controlo, e de “não estar a fazer nada”.
 
O Presidente de transição no entanto minimizou a questão, afirmando que o exercício democrático permite que cada um dê a sua opinião. “Acredito que será encontrada uma solução porque estamos num exercício democrático. O Parlamento terá de fazer o seu trabalho, o governo o dele. E se um fiscaliza o outro sempre haverá essas pequenas incompreensões”, afirmou. Serifo Nhamadjo disse ainda aos jornalistas que no âmbito da cimeira se encontrou com o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy.
 
“Acredito que com o espírito aberto do novo secretário executivo e com a situação atual interna do país podemos reunir os consensos necessários na comunidade internacional para que apoiem os esforços internos da Guiné-Bissau. Esse é o pressentimento e a vontade que constatei”, disse. Serifo disse ter pedido na cimeira da CEDEAO que a comunidade internacional falasse “a uma só voz”. “A Guiné-Bissau não merece ser palco de gladiadores. Queremos que venham ajudar a gerir esta crise. A Guiné-Bissau sempre geriu mal as suas crises e quero que aproveitemos essa desgraça para a transformar em oportunidade para resolver os problemas”, disse.

FONTE: www.gbissau.com (Lusa, 28 de Fevereiro de 2013) 

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