O ex-Primeiro ministro da Guiné-Bissau Carlos Gomes Júnior quer eleições presidenciais “o mais rápido possível”, rejeitando um período de “transição ad aeternum” e assacando à comunidade da África Ocidental a “responsabilidade moral” de resolução da crise no país. Em entrevista à Lusa em Lisboa, um ano após o golpe de Estado militar que o depôs e o levou a viver em Portugal, quando era o favorito à vitória nas eleições presidenciais, Gomes Júnior anunciou a sua retirada da corrida à liderança do PAIGC, assumindo-se como candidato às presidenciais, que a comunidade internacional pretende que tenham lugar até fim de 2013, após o “período de transição”, mas que alguns partidos no poder querem ver apenas em 2014.
“Essa transição não serve ninguém, Não serve ao povo da Guiné. Todos os compromissos que forem assumidos pelo Governo de transição são nulos”, afirmou o líder do PAIGC nos últimos 11 anos.
Gomes Júnior sublinhou que o Governo de transição tem os seus poderes limitados pela Constituição, nomeadamente de nomeações e exonerações.
“Porque é que a Guiné-Bissau tem de ter uma transição “ad aeternum”? É para servir quem? (…) As eleições têm de ser feitas o mais rápido possível, para termos um Governo legítimo, credível, que vá primar pelo respeito da lei”, adiantou. No último ano, assumindo-se como governante legítimo da Guiné-Bissau, Gomes Júnior desdobrou-se em contactos internacionais, nomeadamente ao nível das Nações Unidas e principais parceiros internacionais, e reclama sucesso, afirmando que hoje a ONU “assumiu a responsabilidade” pelo processo, também mais aberto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“A nossa luta valeu a pena, podemos dizer hoje. A pressão para que a discussão fosse mais inclusiva”, afirmou. “A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) sozinha não é capaz de resolver os problemas da Guiné-Bissau, não poderia assenhorar-se da situação”, adiantou. A decisão da última cimeira de chefes de Estado e Governo da organização regional de que a fase de transição deverá estar concluída até final de 2013, é, para Gomes Júnior, uma “luz ao fundo do túnel”.
“Estes quatro países [da CEDEAO] que se imiscuíram no nosso programa interno já sentiram que foi um logro terem entrado neste projecto (…) Penso que todos os países da CEDEAO viram que é um mau exemplo para África. Um golpe de Estado para a democracia não é aceitável em pleno século XXI”, disse. Se “alguns países” da CEDEAO é que “arranjaram toda esta confusão” na Guiné- Bissau, agora “têm a responsabilidade moral perante o povo da Guiné-Bissau de resolver o problema”.
FONTE: www.gbissau.com (AngolaPress, 09 de Abril de 2013)
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