sexta-feira, 22 de março de 2013

Governo de transição Guiné-Bissau e empresa angolana discutem exploração de bauxite em abril

Lusa,21 de Março de 2013 – O Governo de transição da Guiné-Bissau aguarda a ida a Bissau de uma delegação da empresa angolana Bauxite Angola, em abril, para renegociar as quotas da exploração do minério, disse hoje o ministro dos Recursos Naturais guineense. Daniel Gomes afirmou que as autoridades de transição já comunicaram à empresa Bauxite Angola (que tem a concessão de exploração das jazidas de bauxite no leste da Guiné-Bissau) de que tem de ir a Bissau para a renegociação das quotas, que o Estado guineense considera insatisfatórias.
 
O Governo de transição não concorda que a Guiné-Bissau tenha apenas 10 por cento de quota da exploração, enquanto a parte angolana fica com os restantes 90 por cento. O Governo guineense quer uma reformulação das quotas, passando a Guiné-Bissau a ter 85 por cento, ao invés dos atuais 10 por cento, e a Bauxite Angola 15 por cento. “Devem cá vir para falarmos de forma aberta. Como sabem, a Bauxite Angola está na Guiné-Bissau há seis anos, mas até hoje não se viu nada do que fizeram.
 
Angola é um país irmão, passámos muitas coisas juntos, temos a história comum, falamos a mesma língua, fizemos lado a lado a luta armada pela independência dos nossos países, mas hoje somos países independentes e cada qual cuida da sua casa”, declarou Daniel Gomes. O ministro disse que os responsáveis da empresa devem estar em Bissau “talvez na primeira quinzena de abril”.

O ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chicoti, disse ontem em Luanda que Angola continua interessada na exploração de bauxite na Guiné-Bissau, mas para isso é preciso que haja “um ambiente de paz”. Georges Chicoti reagia a recentes acusações do governo guineense de Angola, que devia explorar bauxite (minério a partir do qual é produzido o alumínio) no leste da Guiné-Bissau, nada ter feito desde que assinou o contrato de exploração, há sete anos.
 
As acusações feitas pelo ministro dos Recursos Naturais do Governo de transição da Guiné-Bissau, Daniel Gomes, numa entrevista recente dão conta ainda que a empresa Bauxite Angola não apresentou estudos de impacto ambiental e de viabilidade económica conforme previsto no contrato.
Georges Chicoti disse hoje que as autoridades angolanas não foram ainda contactadas nem pelo Governo guineense nem pela empresa Bauxite Angola. “Acho que é um problema que tem que implicar conversações entre a empresa e o Governo da Guiné-Bissau”, referiu o governante angolano, salientando que a situação atual daquele país lusófono “não facilita o engajamento das empresas, não só angolanas, mas de outras empresas”.

Questionado sobre se Angola continua interessada a realizar investimentos naquele país, Georges Chicoti disse que sim, “desde que haja um ambiente que permita trabalhar na Guiné-Bissau ou noutros sítios”. A administração da Bauxite Angola, empresa de capitais públicos angolanos, é ainda acusada de ainda não ter respondido às solicitações que o ministro dos Recursos Naturais guineense fez, em agosto de 2012, para que apresentasse “o rasto” de 13 milhões de dólares (9,9 milhões de euros) que deveriam ser pagos no momento da assinatura do contrato com o Estado guineense.

O Ministério Público guineense considerou que o contrato assinado entre o Governo de Bissau e a empresa Bauxite Angola, em 2007, não está conforme as leis do país e que pode ser rescindido.
 
FONTE: www.gbissau.com (Lusa, 21 de Março de 2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário