O Director do Parque Natural das Lagoas de Cufada, na região de Quinara (Sul) afirmou que esta reserva da biosfera está a ser ameaçada pelo crescimento rápido da população daquela localidade. “Este local ecológico e de reserva da biosfera está a ser ameaçada, devido ao crescimento da população da zona e o acesso fácil ao parque por parte das pessoas do interior e das localidades vizinhas”, disse Joãozinho Mané, em entrevista à ANG.
Joãozinho Mané referiu que para fazer face a esta ameaça que considera de “natural ”, os habitantes em causa, apesar de precisarem de, por exemplo de mais terras para lavrar, são orientados para não porem em causa, aquilo que é o “essencial” para a sua manutenção. Segundo Mané, as populações vizinhas à esta área protegida (sobretudo as da cidade de Buba) “constituem a maior ameaça ao mesmo”.
Outro problema, segundo este perito, se deve a valorização económica de Buba, que disse ser uma “cidade com boas perspectivas de desenvolvimento no futuro”, facto que está a provocar um grande fluxo migratório de pessoas de outras localidades do país e do estrangeiro, como Guiné-Conacri para esta cidade. E este fenómeno, conforme as suas palavras, levam as pessoas habitantes do parque a, por exemplo, “venderem” os espaços desta área protegida à terceiros que passam a ter pontas e hortas no seu interior do parque.
De acordo com Joãozinho Mané, as ameaças agravam-se com os anunciados projectos de construção do chamado “Porto de Águas Profundas de Buba” e de via-férrea entre esta cidade e o sector de Boé para o transporte dos jazigos de bauxite que, de acordo com os estudos especializados, existe nesta localidade leste do país. “Se há parques ameaçados na Guiné-Bissau, este é um deles, dada as suas características geográficas de não ser um parque marinho como o de João Vieira e Poilão nas Ilhas de Bijagós. É um parque que se encontra na zona continental, e de rápido e fácil acesso ”, reforçou.
Este responsável explicou que, diferentemente de outros países, na sua política de conservação, a Guiné-Bissau se optou pelo chamado “Parque-População”, em que as populações se habitam no parque. Em vez de serem desalojadas são sensibilizadas à não destruírem o ecossistema para o “seu próprio bem”, pautando assim, pela exploração racional dos recursos naturais”. Por exemplo, um habitante do parque pode cortar cibe para a sua casa, mas não para comercializar em Bissau ou noutra localidade fora da zona”, explicou.
Para equilibrar a conservação e a exploração racional dos recursos, informou que se criou a chamada “tipologia do Parque”, que o dividiu em três zonas, ou seja, a de desenvolvimento de actividade tradicional de população, onde, nomeadamente, é admitida a lavoura de culturas como mancara , milho e caju, e ainda actividades de caça. Joãozinho Mané queixou que as populações locais, nas suas práticas agrícolas, vão para além, atingindo inclusive, as chamadas “zona de conservação integral”.
Segundo Mané, estas situações acontecem quando se fazem as chamadas culturas de arroz de Npampam , normalmente antecedida de desmatação e incêndio da zona a ser lavrada. Face a tudo isto e para manter aquilo que muitos chamam de um dos “pulmões” da Guiné-Bissau em termos ecológicos, Joãozinho Mané assegurou que está em curso o processo da nova definição e ampliação do Parque Natural de Lagoas de Cufada.
O Parque Natural de Lagoas de Cufada é uma área protegida continental que se encontra localizada no sul da Guiné-Bissau, entre o ecossistema de Rio Corubal e o Rio Grande de Buba. Abrange, em termos administrativos, os sectores de Buba e Fulacunda e tem uma superfície total de oitenta e nove mil hectares, com 5118 habitantes distribuídos em 33 tabancas.
FONTE: www.gbissau.com
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